Ali estava você, naquela tarde de sexta-feira no metrô. Com sua pele mais pálida que o normal, olheiras profundas marcando seu rosto, o cabelo mais bagunçado possível e seu olhar distante.
    Estava fazendo sua terceira bola de chiclete. Sua cabeça estava em outro lugar; seus pensamentos encontravam-se confusos, mas, ao mesmo tempo, eram suicidas. Ninguém lhe compreendia, porém eu sim.
 Você não conseguia. Não aguentava a pressão. Eles lhe diziam o que fazer e tudo o que você só aceitava, queriam mostrar-lhe o correto, contudo, não era o correto em seu ponto de vista.
    Você queria conhecer o mundo, almejava em realizar buscas implacáveis pelo próprio conhecimento. No entanto, eles não permitiam, ninguém permitia.
    Tem tudo ao seu alcance sem precisar sair do lugar, para que quer sair?
  Eles diziam e você nada falava. Estava só, distante, pensando que ninguém lhe entendia.
   Mas eu sabia o que se passava na sua mente desde o início, teria ajudado se você não tivesse simplesmente cuspido na mão que lhe estendi. Agora você está aí, sem voz alguma comparado a eles. Mesmo que eu quisesse ajudar novamente, de nada adiantaria.
   Afinal, ainda não possuímos o poder de falar com os mortos.

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